
Quando o Poncho Bota Culo
Ângelo Franco
Que o negro Jorge morreu se soube por noticiário
Que apenas contou do fim, sem tempo pra comentários
Assunto pra mais de mês, na boca do "vizindário"!
Nem pode lavar o mate
Ao ver as águas subindo
Saltou em pelo na baia
No amanhecer de domingo.
Sabia que a "éguada" mansa
Ficara ilhada na costa
Não se mede sacrifício
Pra aquilo que a gente gosta!
Negro Jorge era vaqueano
Das cheias de galho a galho
Mas uma zaina gaviona
Ponteou buscando um atalho.
A correnteza é um mistério
Parece um tiro de laço
Por isso que não assusta
Quem tem confiança no braço.
Não é que a baia resvala
Já quase subindo a taipa
Depois de bandear o rio
Feitio de fole de gaita.
O posteiro que ajudava
Atropelou pra barranca
"Inda" viu a mão do negro
Sumindo na espuma branca.
Uma baia cabos negros
Saiu "solita" do rio
O chapéu acharam logo
E o mango nunca se viu.
O poncho que escorou águas
Agora se vai com elas
E os olhos que se emalaram
Emprestam lume pras velas.
Ficaram dois ovelheiros
Uivando em frente da ilha
Nem mesmo a noite de chuva
Quebrou aquela vigília.
Será que ouviram o negro
Talvez pedissem socorro
É norma de tempo e vida
O dono "perdê" os cachorros!



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