
Ciborg
Arnaldo Baptista
Volto para casa com o carro na neblina
E sinto seu cabelo que me voa contra a mão
Eu piso nas paredes para ver se corro mais
Em vão, em vão Ciborg
Se esses giroscópios que não aceleram mais
Vou ter que desligar
E apelar pras suas pernas, uh
Dá vontade de gritar
Em vão, em vão Ciborg
Me coloco no assento
De sentir as rodas livres
Decolando deste chão
E no vôo submerso
Emergindo da cidade
Meu carro se desdobra, corta
E alcança o tempo atrás de mim
Vejo o vôo da esperança e os joelhos do gigante
A tremer, tremer assim
Numa cápsula que deflagra todo o medo de explodir
Na espiral da elipse curta do abismo material
E no beijo estupendo, o que estou a fazer aqui?
Em vão, em vão Ciborg



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