Natural
Beto Almeida
Montes, serras, matagais
Pedras de um rio
Me despertam aos poucos de um vazio
Que me protegia até então
Água queda no meu ombro
Enfrento o frio
Que logo se vai, leva consigo
Dores que eu guardava em coleção
Por que
Sempre evito tanto este caminho
Me abandono e culpo o destino
Construindo – eu próprio – um sofrer?
Como
Esperar que o tempo seja amigo
Se nunca o trato com carinho?
Natural, assim, ele correr
Sonhos, astros e cristais
- Eu só te ouvindo -
Signos, sinais, o infinito
Nunca dei pra isso atenção
Visões, coisas que nem sei se acredito
Que seus lábios beijam em meu ouvido
Tornam irrelevante minha razão
Me diz em que paralelo agora estamos
Sinto conhecer-te há muitos anos
Num reencontro adiado só por mim
Vejo o brilho que em nós você dizia
Mas que com meus olhos não veria
Pois que a visão é pra outro fim
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