Holofotes
Cadu de Andrade
Desde o fim da estória eu já segui navios
Aviões e holofotes pela noite afora
Me fissuram tantos signos e selvas, portos, places
Línguas, sexos, olhos de Amazônias que inventei
Dias sem carinho, só que não me desespero
Rango, alumínio, ar, pedra, carvão e ferro
Eu lhe ofereço essas coisas que enumero
Quando fantasio é quando sou mais sincero
Eis a Babilônia, amor e eis Babel aqui
Algo da insônia do seu sonho antigo em mim
Eis aqui o meu presente de navios e aviões
Holofotes, noites afora e fissuras e invenções
Tudo isso é pra queimar-se combustível
Pra se gastar
O carvão e o desespero
O alumínio e o coração



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