Sei de uma camponesa
Carlos Tê
Sei de uma camponesa,
Sem campo, sem quintal,
Que canta debruçada ao sol da seara,
Trigo da cara, de suor tão debulhada...
Sei de uma camponesa,
Dança à noite na eira,
Perfumada de avenca e feno, enfeitada de tomilho,
Canta com a expressão de quem vai ter um filho,
Mesmo pelo coração...
Sei de uma camponesa,
Nunca enche esta cidade,
Nunca se senta à minha mesa, nunca me leva à sua herdade
Pr'ouvir um trocadilho, pr'a tornar realidade
Um sonho que perfilho.
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