
Semente Dividida
Ceciro Cordeiro
Orvalha brisa serena
Na pavuna brasileira
Rolam folhas vidas mortas
Cálidas das catingueiras
O vaqueiro anda no potro,
O pastor só de batina
Choram tristes fauna e flora
No apito da usina.
Barcarola sobe o rio
Levando anseio e saudade
Leva sonho novamente,
Nova gente pra cidade
Semente já dividida
Que não vingará jamais
Nos confins do pensamento
Voa tanto, tanto jaz.
Vê seu rastro no atalho
Seu rosto no riachão,
Vê seu povo tão mudado,
Retirado deste chão.
Tomara Deus que não morra
Sem que volte ao seu lugar
Pra receber todo afogo,
Afogado no luar
Esse dia chegará
Como sudário no céu
E depois derramcira
Um doce caldo de mel
E a paz irá serrar as algemas
Da agonia
E o vento justiceiro
Soprará leve harmonia.



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