
Hora do Sossego
César Oliveira
Quando o sol treme nas lombas
Relampeando a aba do freio,
A mutuca sai do mato
Junta o gado num rodeio
Nesta hora do sosssego
As folhas perdem o guizo
E a "peonada" ressona
Na sombra de um "paraíso"
A pipa d'água, tampada
Com um guardanapo de estopa
Fica "atentando" os caboclos
Que vêm beber na sua boca
Um garnisé canta longe
Ciscando o pé das macegas
E o sol, parado, sesteia
Na cama verde das léguas
A natureza transpira
Pelos umbrais do sossego,
Com tempo sesteando largo
Na lassidão de um pelego
Uma carijó, desasada,
Vem beber água no cocho
E acorda um cusco barbudo
Com sua cantiga de choco
Nesta hora é proibido,
Camperear montado em égua
Buscar fósforos na venda,
Rondar perdiz na macega
A visita que ia embora
Fica embromando e não sai
Pega um mate e outro mate
E a tarde longe se vai
O sol se veste com pala
Das nuvens, antes do tombo
E deixa o baio da tarde
Na sombra secando o lombo



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