
Ronda de Tropa
César Oliveira
Chapéu grande desabado
E um poncho carnal vermelho
Um corredor desparelho
E um redemunho de guampa
Zebu cruzado com pampa
Vaca de cria e falhada
Tropa estendida na estrada
E o próprio pago na estampa
Vou no fiador meu patrício
Taureando com esta coplita
Que se desata solita
Rondando sobre o xircal
Parece um baile bagual
No tilintar das chinelas
Lembro daquela morena
Me acenando no portal
Vamos reunir o pessoal
Que hoje a noite é de ronda
Cantar pra o gado bagual
Antes que a Lua se esconda
Era, era, era boi!
Era boi, era boiada!
Este meu verso campeiro
É pra abraçar os tropeiros
Que ainda vivem na estrada
São três semanas de tropa
De Santana ao Itaqui
De ponteiro o velho Ari
Negro guapo e changueador
Val culatreando o Tio Flor
Capataz destes torenas
Que faz dueto das chilenas
Com os flecos do tirador
O Benício lava a alma
Num trago largo de vinho
E um toso de passarinho
Ficou bonito no ruano
Sobre o basto castelhano
Leva a ânsia galponeira
De tropear a vida inteira
Os seus próprios desenganos



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