Cães Farejadores

E ainda que eu ande no vale
Da sombra da morte
O Senhor me mantém forte e
Com sorte

Com fé na luz do mundo
Outro norte
Sempre vai brilhar

Correndo da bala perdida da vida
Da zika, da fita
My niggas na cinta
Atravessou, subiu
Vai chorar

É primavera árabe – deixa queimar
O coro da ditadura
E a terra santa? Guerra do pecado
De pecador fardado
Que mata em nome do senhor dos senhores
Cães farejadores, falsos pastores
Governantes sem valores

A fome aperta e não me deixam entrar
E tem lugar, na mesa mas não posso sentar
A fome aperta então eu vou tomar
Passa pra cá
E que se foda o que eles vão pensar, falar

Eles somos nós
Parte de um memo organismo
Sem protagonismo
O que almejo vejo que não é capitalismo
Longe do terrorismo
Que só fode quem fode ou já fudeu
Negro, índio e judeu – tanto o cê quanto eu
Também a nóis fiote

O zóio aberto
Vai longe e perto
E perto
Erra mas busca o certo
Certo?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Esperto
Errado, mas quem faz o certo?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Alerto
Errado e que se foda o certo
Morô?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Deserto de erros
Mas o que que é o certo?

Entorpecentes mais potentes
Para mentes cada vez mais fracas
Brindam nas taças –
O sangue dos que trabalham, ralam, pano passam
Mas pra safado não –
Mais do memo a correria é em vão
Correria em vão

Derrubar floresta, expansão agrícola
Ganhar muito dinheiro e aumentar as dívidas
Depressão

Camada de ozônio
Raciocínio dos demônio
Gênio pa exterminar sonho
Com a virada do milênio
Eu vo falar pro cê, fi

Faça do jeito certo
Melhor o papo reto
O mundo não é do esperto
É do justo
Justiça não tem susto
Em ponta de faca murro
Não é pa maloquero é pa burro

O zóio aberto
Vai longe e perto
E perto
Erra mas busca o certo
Certo?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Esperto
Errado, mas quem faz o certo?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Alerto
Errado e que se foda o certo
Morô?

O zóio aberto
Vai longe e perto
Deserto de erros
Mas o que que é o certo?