Canto de Vida Mateira
Fernando Rosa
Este canto é da flor da catingueira
Madeira de lei, maneiro pau
Do piau, da traíra nas carreira
Esteira, cangalha e do girau
Do curral, da tramela, da porteira
Da chuva ligeira no quintal
Do cavalo de pau, da brincadeira
Feijão de primeira, nata e sal
É do cantar da siriema
É do cinema das manhãs
É cor cardã e abrindo a cena
A açucena e os flanboians
Da acauã que a cobra espreita
É da colheita já tardam
É da romã que imóvel aceita
A ceia da curiatã
Do queijo, qualhada, da fome estancada
Do pote, da cuia, da água aparada
Da broca queimada, da terra arada
Aboios, pelejas e mourão
Gibão e perneira, chapéu e peixeira
Espim de jurema na vida mateira
Das roupas na mala: da missa e da feira
De noites de estrelas e escuridão



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