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Velório Abaixo de Canha

Hermes Duran

Tavam Velando o Nicássio
Diz que ligeiro no braço
Índio brabo e peleador!

Um dia se descuidou
E a carneadeira lhe achou
Certeira no sangrador

Numa salinha apertada
Se reuniu a peonada
Mais a cachorrada junto

Um sortimento de canha
Pra que não houvesse manha
E se esquecerem do defunto

Numa desta o alípio torto
Que era primo, irmão do morto
Deu uma estufada no peito

E gritou pra os bagaceiras
Se parem com esta zoeira
Que aqui eu quero respeito

A frase ficou no ar
Foi mesmo que cutucar
Enxames de camotim

A indiada toda pinguça
Deu início na bagunça
Que quase não teve fim

No meio da confusão
Os que perdiam o facão
Se atracavam aos manotaços

Que até o caixão do coitado
Foi quase inutilizado
De tanto coice e planchasso

Novamente o Alípio torto
Que era primo, irmão do morto
Deu uma estufada no peito

E gritou pra os bagaceiras
Se parem com esta zoeira
Que aqui eu quero respeito

Depois de muito alarido
Pegaram o caixão partido
Já com o Nicássio do lado

Do jeito que deu levaram
E lá no campo enterraram
Sem cerimônia ou cuidado

As ferramentas que usaram
Foram as mesmas que brigaram
Porque não levaram enxadas

Cavaram com faca e mão
Não teve nem oração
E a coisa foi encerrada

Quando a ressaca passou
Um parente perguntou
Onde estava a criatura

Procuraram até cansar
E não conseguiram achar
Nem morto, nem sepultura

Quando a ressaca passou
Um parente perguntou
Onde estava a criatura

Procuraram até cansar
E não conseguiram achar
Nem morto, nem sepultura


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