Escritos Tardios de Um Coração Maduro

Eu não canso se ela não vem,
Sou o remanso, de que nasce do bem.
Simples, perfeito, dou falta a ninguém,
Resisto no tempo na hora que vem.

Quebro a tristeza, desarmo o desdém,
Vence o fraco quando o medo não vem.
Sou engraçado quando me convém,
Mas nego um sorriso na falta...

(O que hoje eu sou?)
D’eu e ela...
(É o que eu quero ser!)
Sou dela...
(O que hoje eu sou?)
Toda ela...
(É o que eu quero ser!)
Em mim

Sou assassino, vítima, refém,
Sou o herói, sou bandido também.
Me levo pra longe, te levo também,
Na espera da chuva, do que ainda não sei.

A justiça fascina a injustiça também,
É sábio o atraso, sufocar desconvém.
O ódio é cego, uma cegueira sem dança,
Música é a palavra, um respirar na falta...

(O que hoje eu sou?)
D’eu e ela...
(É o que eu quero ser!)
Sou dela...
(O que hoje eu sou?)
Toda ela...
(É o que eu quero ser!)
Em mim...

(O que hoje eu sou?)
D’eu e ela...
(É o que eu quero ser!)
Sou dela...
(O que hoje eu sou?)
Toda ela...
(É o que eu quero ser!)
Em mim

(O que hoje eu sou?)
O amor é extensão, que veio da dança.
(É o que eu quero ser!)
A dança é vida, que move a distância.
(O que hoje eu sou?)
Mudança é o calor, resfriada lembrança.
(É o que eu quero ser!)
Do rio que despenca, o instante acontecer.