Desenredo
Juliana Caymmi
Por toda terra que eu passo
me espanta tudo que vejo
A morte tece seu fio
de vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
o olhar que solto anda preso
Mas quando eu chego me enredo
nas tramas do teu desejo
O mundo todo marcado
a ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
A morte é o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
O olhar que avisa anda aceso
Mas quando eu chego eu me perco
nas traças do teu segredo
É Minas, é Minas
É hora de partir, eu vou,
vou me embora pra bem longe
A cera da vela queimando
o homem fazendo o seu preço
A morte que a vida anda armando
A vida que a morte anda tendo
o olhar mais fraco anda afoito
o olhar mais forte, indefeso
mas quando eu chego eu me enrosco
nas cordas do teu cabelo
É, Minas, é Minas
É hora de partir, eu vou
vou me embora pra bem longe
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