A Última Boiada
Luiz Fernando e João Pinheiro
Carrego nos ombros o peso da idade
A louca saudade da vida de peão
Oitenta janeiros calejaram a vida
Estrada comprida com boiada e chão
Velho independente já fora dos trilhos
Pedi a um filho que me desse a mão
Fui chefe de tropa, guiei comitiva
Lembrança tão viva que trago na mente
Lembro com saudade os meus companheiros
Lembro o berranteiro tocando na frente
Na firmeza das pernas carreguei meu pala
E hoje a bengala carrega o doente
Quero ver novamente a boiada branquinha
Exatamente igualzinhas as que toquei no estradão
Meu querido filho encerro a jornada
Olhando a boiada, a minha paixão
Me leve de novo na estrada da vida
Que a dura vida me fez campeão
Ao chegar no destino avistei a boiada
E a peonada de culatra a ponteiro
Os peões gritando matou a saudade
Acabou a ansiedade desse velho estradeiro
Só tem um detalhe, eu não mais tocava
Apenas olhava num adeus derradeiro
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