
O Papa, o Cão, a Alfama
Luiz Gabriel Lopes
Nas ruas melancólicas da alfama
O sol raiou ao som da voz de deus
É bento, que por mil alto-falantes
Abençoa as multidões
Em português
Os telemóveis se congestionaram
E só se fala disso na tv
O horário das novelas brasileiras
Deu lugar à voz de deus
Em português
E as ruas melancólicas da alfama
Ecoando a salvação
E a força religiosa dos humanos
A vibrar nos animais
Pois é que havia um cão
Vagando por ali
Como em todos os dias de semana por ali
Descrente dos humanos, criticava, silencioso,
Todo aquele ritual
E vago em pensamentos
Mirando a multidão
Ciente da específica visão de seu lugar
De espécie filosófica, distinta dos humanos
Desdenhante, pois-se a rir
Mas em respeito ao respeitoso trato entre as espécies
Resolveu silenciar
Desceu as escadinhas
Juntou-se à multidão
Até ganhou pedaços de presunto dos fiéis
Silencioso e vago prosseguiu ateu convicto
Nas ruas melancólicas de alfama andou intacto
Enquanto a multidão enlouquecia em pleno pranto
À voz de deus em português
(voz ao fundo)
... los campeonos del mundiale!



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