Povo que lavas no rio
Mafalda Arnauth
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
Nas tábuas do meu caixão.
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
Nas tábuas do meu caixão.
Há de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Há de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Beber em marga que esconda
O beijo de mão em mão.
Fui ter à mesa redonda
Beber em marga que esconda
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.
Era o vinho que me deste
A água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
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