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Milonga Pra Don Mulato

Mano Lima

Sempre que as cordas dedilho para empeçar um relato
Me lembro de Dom Mulato, puro cerne de espinilho
Uma estampa de caudilho, sábio de tanto andejar
E uma luz a iluminar sua vida nos rigores
Poeira de mil corredores, era o Alípio Escobar

E, assim, seguia tropeando, cruzando num pampa e n'outro
Com botas garrão de potro e as chilenas tilintando
E quando ia descambando, rompendo a noite ao seguir
Com um palheiro a luzir, mascando légua ao tranquito
Era um centauro solito, bombeando a pátria dormir

Ser tropeiro era destino que trouxe como um sinal
Correr boi no banhadal deste Rio Grande teatino
Num aparte, era ladino c'o aquele pala reiúno
Encostava o seu lobuno e dando de mão na cola
Ia pechando pachola nas paletas de um turuno

Nas rondas do descampado, rondando luas vaqueanas
Cantava toadas pampeanas de cima do seu bragado
Gauchão e entonado, dempre proseando c'o a tropa
Quando a pátria se ensopa na sua vivência campeira
Rondar uma tropa ligeira não é pra qualquer oropa

E quase no fim da vida, o tempo envelhece tudo
Foi domando colmilhudos, pingaços pra toda a lida
Com maestria e medida, seguiu cultuando sua fé
E num pingo pangaré, último olhar deste lado
Morreu só e abandonado na vila do Bororé

Com este tento, eu remato esta presilha altaneira
Com a milonga campeira, chego ao fim do meu relato
E assim, cantei Dom Mulato, sem pedir aplauso ou palma
E na sua tumba calma, ajoelha esta prece crua
Com uma saudade charrua engarupada na alma

Escrita por: João Sampaio / Mano LIma. ¿Los datos están equivocados? Avísanos.

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