Fado da Sina
Maria Ana Bobone
Reza-te a sina
Nas linhas traçadas
Da palma da mão,
Que duas vidas
Se encontram cruzadas
No teu coração.
Sinal de amargura,
De dor e tortura,
De esperança perdida,
Indício marcado
De amor destroçado
Na linha da vida.
E mais te reza
Na linha do amor
Que terás de sofrer
O desencanto
Du leve frescor
De uma outra mulher.
Já que a má sorte
Assim quis,
A tua sina te diz...
Que até morrer,
Terás de ser,
Sempre infeliz.
Não podes fugir,
Ao negro fado mortal,
Ao teu destino fatal
Que uma má estrela domina.
Tu podes mentir
Às leis do teu coração,
Mas (ai!...) quer tu queiras quer não,
Tens de cumprir a tua sina.
Cruzando a estrada
Da linha da vida
Traçada na mão,
Tens uma cruz
A feição mal contida,
Que foi uma ilusão:
Amor que em segredo,
Nasceu quase a medo,
P'ra teu sofrimento,
E é sempre essa imagem
A grata miragem
Do teu pensamento.
E mais ainda
Te reza o destino
Que tens de amargar,
Que a tua estrela
De brilho divino
Deixou de brilhar...
Estrela que deus
Te marcou,
Mas que bem pouco brilhou
E cuja luz,
Aos pés da cruz,
Já se apagou.
Não podes fugir,
Ao negro fado mortal,
Ao teu destino fatal
Que uma má estrela domina.
Tu podes mentir
Às leis do teu coração,
Mas (ai!...) quer tu queiras quer não,
Tens de cumprir a tua sina.
Tu podes mentir
Às leis do teu coração,
Mas (ai!...) quer tu queiras quer não,
Tens de cumprir a tua sina.
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