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Cadela sem dono, mastiga minha carne
E me caga na rua
Cadela no cio, largou em mim teu cheiro
De carente, frágil, crua

Recebi ouro e mirra pelo cordão umbilical
Ainda assim sangrei por birra
Branco, vermelho, vão, vau

Cadela faminta, comeu meu almoço
Remédios e sono
Mas como sinto tua falta
Minha linda cadela sem dono

Das tuas tetas inchadas
Saem só leite azedo e veneno
Você mata minha sede
E me mata, se mata meu medo

Depois de abertos tantos sulcos no meu braço
Algum galeno, acho, conseguiu te despejar
Ainda escuto teu choro, teu uivo de longe
Almejo te convidar pra entrar
Teu pelo sujo é tão tenro de afastar

Suas pulgas roeram minha pele até expor meu nervos
Às vezes de noite teu colo é seguro
E teus dentes pequenos

Cadê minha graça? Meu controle e ignorância?
Pra onde me levou, quando eu era criança?

Você me lapidou e então cativou cadela
Aprendi a viver ao seu lado
Não custa evitar a sequela


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