Mulher
Marlene Pastro
As mãos que afagam teu corpo
Também te curam feridas
A mesma boca que beijas
Serviu de aviso às intrigas
Contigo lavrei estas terras
Com meus braços de alegrias
Não abro mão dos meus dengos
Buscando minha alforria
Sem minha apagas teu fogo
E teu gozo de viver
Sou feita do mesmo barro
Também quero este prazer
Matei a sede que tinhas
Tomei as tuas canseiras
Plantei, pari, fui teu poso
Não sou rama, sou figueira
Me enfeito pro teu agrado
Me entrego se me acarinhas
Me nego se vem de esporas
Me querendo por bainha
Por certo não fui criada
Apenas para ser fêmea
Ou pra enfeitar teus fogões
Quero ser tua alma gêmea
Por certo não fui criada
Apenas para ser fêmea
Ou pra enfeitar teus fogões
Quero ser tua alma gêmea
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