
Acaso
Naeno Rocha
Acaso esquecestes as mãos
Que te abençoavam do regaço à boca.
Nutrindo-se do pó da pele
Que o teu corpo quente espalhava
E lhes revolviam o vento.
Acaso esquecestes o dorso largo
Do benfazejo amor
Que te conduziu onde bem quisestes,
Às estrelas lá no seu cume,
A lua no seu retorno.
Quem te apontava o céu e não te deixava solta,
Enquanto não chegava a aurora.
Acaso esquecestes das noites mais turvas,
Dos olhos sem rumos,dos braços laçados
Por te bem querer.
Acaso não lembras o nome,sequer os traços do rosto,
De quem te amou com o gosto, de quem come a fruta
Que mais desejara.



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