
Flagrante
Paulo Britto
Flagrante
(Paulo Britto)
Debaixo da cama
Em cima do armário
Na escrivaninha
Até no aquário
No canto da sala
Na enceradeira
Atrás do espelho
E na cumieira
Eles procuraram
Lá fora na área
Na boca da pia
Por todo o banheiro
E na esquadria
No forro da mesa
Ao pé da cozinha
Por sob a bandeja
Estava a trouxinha
Eles não acharam
A sorte foi minha
Mas quando saíram
Flagraram a vizinha
Sacando um bagulho
Da sua bainha
Pedindo pra eles
Um fogo a quem tinha
E o fim dessa história
É na delegacia
Dr. Delegado (Dr. Zé Alberto)
Perdoe a mocinha
Não é mais careta
Mas não é vadia
Ela é professora
De filosofia
E mora de cara
Com a minha cozinha
Às vezes deparo
Com ela tão nua
Eu pago a fiança
Pra tê-la na rua
Às vezes de cara
A vejo nuinha
Eu pago a fiança
Pra ela ser minha



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