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Rádio de Outono
ah! quem mandou que fizesses
minh'alma de tua escrava
e ouvisses as minhas preces
chorando como eu chorava
por que um dia me ouviste
tão pálida e alvoroçada,
e, como que ama triste,
como quem ama, calada?
não quero te obrigar
a ser como eu sempre quis
não quero te obrigar...
antes! menor me seria
o sofrimento querida
antes a mão que alivia
a dor e cura ferida
não deves depois tranqüila
vendo sufocada a mágoa
encher de sangue a pupila
que já vira cheia d'água...
não quero te obrigar
a ser como eu sempre quis
não quero te obrigar...
por que me ouviste enxugando
o pranto das minhas faces?
viste que eu vinha chorando...
antes assim me deixasses.
não quero te obrigar
a ser como eu sempre quis
não quero te obrigar...



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