
Baião de Mouros
Rafael Tinguinha
Tudo é tão árido no meu sertão
Amena a dor ao cantar baião
O deserto é um só destino
Refugiados e migrantes somos nós
Na seca o chão rachado vira porta voz
Da guerra na Arábia um anseio
Malê cangaçeiro
Cangaçeiro luta, no gibão o apelo
No auto do jerico, sob um camelo
Somos beduínos, Península me enxerga um pardieiro
Península não o enxerga o lindo reino
Minha sagrada meca se reúne
Profeta Maomé, o nosso lume
A luz de Lampião
Muié rendeira seu talento é lamparina
Oh Padim Ciço encandeia a retina
Do povo de Alá
Tremulante no véu
Carne trêmula sim
O Boi vermelho de Padre Miguel
Pode até perdurar alcançar o paraíso
Mas na Sapucaí farei o que for preciso



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