Lástima
Renato Fagundes
Me atrevi perguntar
A peonada de prosa o que faço da vida
E entreguei a palavra do meu coração
Ao violão que aguardava num canto do rancho
A questão é saber se deixar envolver
Pelo bem pelo mal, mas que tal
Se o galpão pede lenha a saudade uma senha
E a vida um buçal
Por meu lado a tristeza
Acentou no silêncio umas quantas de Lua
E marcou na paleta
As tropilhas que a dor lastimou no cavalo
As pechadas da lida
As razões que se tem me castiga o chapéu
De tormenta e suor, mas o pior
É cuidar da manada quando a tropa desgarra
Com o focinho no sal
Amada apura
Me serve um mate
Enquanto late a cachorrada
Lambendo a baba o gado mostra
Que a vida gosta um pouco mais
Ademais amor
Ademais amor
A poesia tem planos pra nossa dor
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