Quebra-pau
Ricardo de Oliveira
É que assim, assim
Sem mais aquela Zé dos Ferros
Pulou a janela, invadiu o recinto
Desacatou Jacinto e seu primo Januário
Um negão retinto do tamanho de um armário
Que respostou aos berros
Ô ferro! Filha da puta é quem chamou!
Daí tudo começou
E o fogo aluminou
Nas ventas da valentia
E eu ali cego e sem guia
Cacei minha valia
Não tenho nada com isso!
Pois que tava em sacrifício
Atrás de uma galega
Foi quebra pau de arraso
Fiquei vesgo de tanto apanhar
E o Chico Pirambeira, por besteira
Cabra sem eira nem beira
Qu’ estava ao meu lado
Por ciúmes de Adelaide
Se meteu no bololô
Do qual nem nosso senhor queria conhecimento
Pois que em coisa de jumento
Melhor passar batido
Mas foi retido por Ernesto Catavento
E foi doído
O cabra de tão perverso
Socou minha cara na lama
Com bofete de reverso
Logo eu, que só tiro verso
Atrás da galega sacana
Fiquei todo estrupiado
Mal das pernas e das penas
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