
Zarolho
Roger Resende
Dou de cara com outro cara,
Sem saber que ele sou eu.
Dá no mesmo olhar-se a cara
E dizer que em nada deu.
Com seus olhos eu me enxergo,
Eu me sinto em suas mãos.
Dou por mim que estava cego
Tateando a escuridão.
Pois o vejo em cada espelho,
Os meus olhos não são meus.
São meus olhos aparelhos
Que só enxergam os olhos seus.
Olha o estranho destrambelho
Pros meus olhos que são seus!
Já não sei se olho o espelho
Ou se olho os olhos meus.
E face a face, mesmo contra mim,
Eu me persigo a esmo
Pelo labirinto que eu
Ergui no impasse de me descobrir
Um lado bom e um vesgo,
Sigo o meu instinto até o fim.
"Se ninguém vai por mim
Eu vou além de mim"



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