Mães
Thiago Amud
Depois de tudo sairão do chão
Mães amazonas, negras aiabás
No seio o leite da ressurreição
No ventre o sêmen dos tupinambás
Depois do império do norte ter sido em vão
Depois de tropas, ruínas ocidentais
Depois que o mar cair na goela do sertão
E que o sertão cair nos mares abissais
Depois de tudo sairão do chão
Icamiabas, iracemas, iás
Na língua o líquen da revelação
No corpo aceso e bonito o espírito são
Do amor e da paz
Depois de tudo sairão do chão
Mães amazonas, negras aiabás
No seio o leite da ressurreição
No ventre o sêmen dos iorubás
Depois do islã, derradeira religião
Depois de China e Eurásia descomunais
Depois que o mar cair na goela do sertão
E que o sertão cair nos mares abissais
Depois de tudo sairão do chão
Icamiabas, iracemas, iás
Na língua o líquen da revelação
No corpo aceso e bonito o espírito são
Do amor e da paz
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