
Penúltimo Desejo
Vidal Assis
Mentem aqueles que falam
Que onde eu canto não bebo
Que também não bebo, se canto
Mentiras se espalham, sim
Não há motivo, portanto
Pra te queixares de mim
Minha dor guardo em silêncio
Mas cresce que nem capim
Me desarruma por dentro
Me ensaia um desalento
E me rói, me rói feito cupim
Sou um barril de pólvora
Prestes a explodir
Portanto, se afaste pra longe
Procure não se partir
Ao estilhaçar-se e ferir-me
Com balas de puro festim
Me deixe de lado, te peço
Já sou meu próprio estopim
Se essa dor for embora
Te chamo, prometo que assim
Quem sabe? Eu cante de novo
Que és meu lar, meu botequim?



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