Refugiados
ADALTON MIGUEL
Por que é assim, há rosas lindas e verdes colibris
Há botões mutilados que jamais vão se abrir
Caem das mãos anegando as fundas águas dos mares
Lançados nas areias, frias lentes e olhares
Por que é assim, há rosas lindas e verdes colibris
No mesmo mundo flores infindas sem se florir
As lágrimas tingem almas e corações
Estrelas faíscam as finas lanças das nações
Na ira deixada pelos gritos da emoção
Quantas vidas ceifadas pela triste evasão
O êxodo de um povo é o sinal de um adeus
Nova pátria é o sonho dos filhos de Deus
Há tanto trigo a colher e rezam pelo pão
Há pouca água pingando na língua de um irmão
Há vendas apertando o olhar da maldição
Há no final do prefácio a palavra traição
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