Descampado
Alcides Neves
Quadros-verdes das campinas
Qual as saias das meninas
Girassóis ao Sol
Contentes pedras-polidas
Surdas ao canto e cantigas: Manhã
Discretas formas no ar
Borboletas a voar
E os primeiros urubus
Ah, dia mau
Ah, dia mau
Será que o meu boi morreu?
Será que ele se escondeu?
Será que a cobra mordeu?
Será que a onça comeu?
Nevoeiro de desgraça o silêncio traz
Pé na estrada é quase em vão
Pingo d’água no sertão
Mas sem calo e sem semente não exala a flor na mão
Nem chegava homem na Lua
Nem no escuro esta canção
Que o homem é parte do fruto da cova que fez no chão
Botas-foice-espinho bruto
Vou em busca do boi fujão
Fortes águas nas vertentes
Superabundância, enchentes
E o ano que vem
Pode levar muitas vidas
Retirantes nas veredas sem fim
Mas a terra é como a mãe
Amor por ela se tem
Florestas morrem de pé
Ah, vou ficar
Ah, vou ficar
Será que o meu boi morreu?
Será que ele se escondeu?
Será que a cobra mordeu?
Será que a onça comeu?
Nevoeiro de desgraça o silêncio traz
Pé na estrada é quase em vão
Pingo d’água no sertão
Mas sem calo e sem semente não exala a flor na mão
Nem chegava homem na Lua
Nem no escuro esta canção
Que o homem é parte do fruto da cova que fez no chão
Botas-foice-espinho bruto
Vou em busca do boi fujão
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