Sinas
Alfredo Marceneiro
Já mandei ler tantas sinas
Na palma da minha mão
E todas elas constatam
Que as buliçosas meninas
Dos teus olhos, é que são
As meninas que me matam
Meninas tão maneirinhas
Azougadas, leves, finas
Descrentes, loucas, profanas
São pequenas feiticeiras
Em janelas pequeninas
De rosadas persianas
Essas meninas são luzes
Que talvez Nossa Senhora
Não tenha iguais no altar
Que Deus me livre das cruzes
Que ha-de ter p’la vida fora
Quem delas se enamorar
Essas meninas bulhentas
Mas de afeições tão suaves
Não deixaram de bulir
Por elas passo tormentas
Fecha as meninas á chave
Que são horas de dormir
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