Lusíada
Berilo Santos
Eu, lusíada que sou
Colonizado iludido
Ei! Traz aqui pra mim meu gin!
Passo o dia inteiro assim
Só olho o meu umbigo
Eu, lusíada que sou
Com a migalha que restou
Sigo sem ter entendido
Lembro do tio Joaquim
Nem mudou, nem tanto assim
É o que vem desde o imperium
Pois a mente que devia ser
Como flauta, Inexaurível
Ao inflar do ego, virou motor
Tão latente, tão previsível
Mas não é de agora
Que entreguei a ti o meu tamborim
Abri mão das minhas raízes
Não vi foz, queimei raízes
E troquei por um metro de cetim
Eu, lusíada que sou
Depressivo, extrovertido
Não há quem passe frio nem calor
Não sabe nem quem lhe falou
Não há nada garantido
Pois a mente que devia ser
Como flauta, Inexaurível
Ao inflar do ego, virou motor
Tão latente, tão previsível
Mas não é de agora
Que entreguei a ti o meu tamborim
Não vi foz, queimei raízes
E troquei por um metro de cetim
Eu, lusíada que fui
Não vi pedras no caminho
Rejeitei o meu destino
E ao meu sangue latino
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