Avesso
Bruno Souto
Já conheço teu avesso
Corpo como cicatriz
Quando a carne queima
Tua voz se faz ouvir
Uma faca em cada fala
Cada movimento seu
Me resguarda em não te maldizer
Mas, cega você sabe me acertar
Só queria que não fosse na ferida
Que me sangrou
E me derrama mais que o teu avesso
Na tua correnteza a me afogar
E sinto novamente o mesmo medo
De não poder
Sequer chorar
Como que já se esquecida
Finge que tá tudo bem
Quase cala e o que não fala dói
Fazendo do silêncio seu refém
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