
Mote
Carlos Villela
Tingindo a tarde de cores
O arrebol anuncia
O fenecer de um dia
Chamando os cantadores
Pra enfeitar indolores
Luas cheias de amor
E o tempo grande pintor
Borda de estrelas seu ego
Cuia de poeta cego
Tem versos de toda cor
O pigmento verdoso
Ou azulado das águas
Barrento se faz em mágoas
Num colapso estrondoso
E por não ser muito zeloso
O homem é quem senter a dor
Quando o líquido incolor
Diz nunca mais te navego
Cuia de poeta cego
Tem versos de toda cor
As cores do horizonte
Flutuam nos olhos dela
Flocados de uma aquarela
Mais bela que o leve monte
Onde se derrama a fonte
Cristalina do amor
Paraíso gerador
Dos sonhos que eu carrego
Cuia de poeta cego
Tem versos de toda cor
Festejos de pastoris
Cordão azul e encarnado
O sorriso amarelado
De um palhaço aprendiz
Moça donzela, feliz
Dizendo a ti me entrego
Cuia de poeta cego
Tem versos de toda cor



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