Viola Chamamecera
Fabio Soares
Abro picadas no canto
Onde canto minhas certezas
Numa guitarra espanhola
E numa viola portuguesa!
Minha bugre selva - índia –
Das três pátrias guaranys
Onde um chamamé se entona
Como herança guayaqui!
Que meu canto é acalanto
Entre estradão e boiada
Com timbre de arreadores
E colorações empoeiradas
Quando berrante e mugidos
Se mesclam pelas jornadas!
Pois sou parte gaúcho
E parte pantaneiro
Com rio e selva nos olhos
De timbres guaraniceros!
Que soy de una tierra roja
Ante a amplidão misionera
Cantando um chamamé índio
Colhido em céu de fronteira
Tocando um chamamé índio
Na viola chamamecera!
Eu trago dentro do bojo
Silbos de aves em bandos
E pesares paraguaios
De estradas e contrabandos
Do mato grosso ao rio grande
Das missões ao paraguay
Minha viola traz sotaques
De bailes e sapukays!
E um chamamé alza vuelo
Pois seu timbre me consola
Quando corto estrada e rumo
Com meu mundo na sacola
Aprendendo – e pondo a vida
Nas cordas desta viola!
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