Gaiteiro de Galpão
Gabriel Ortaça
Nas noites frias de inverno
Que a Lua cheia alumbrava
Vinha pra beira do fogo
Palmeava a gaita e tocava
Fazia as duas ilheiras
Roncar de voz abafada
Mesmo que uma Mamangava
No esteio da ramada
Espichava a gaita véia
Até quase rebentar
E trazia se volteando
Igual um Mandorová
E o verso xucro brotava
Que nem pasto na garoa
E as rimas se enfileiravam
Igual teta de Leitoa
A cachorrada escutava
Sentadita nos garrão
E o gado vinha pra cerca
Ver o taura puxar cartão
Quase a cavalo no fogo
Fazia o traste campeiro
Dar bufo igual Touro brabo
Alvorotando o braseiro
Até os Grilos se calavam
Pra escutar aquele teatino
Tirar do fole rasgado
Notas com timbre divino
O próprio silêncio escutava
Aquele taura tocar
E os anjos batiam palma
Co as asas que eram pra voar
E os anjos batiam palma
Co as asas que eram pra voar
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