Crônica de Uma Cretina
Hugo Becker
Depois de mais de quatrocentos dias, eu te descobri
Depois de mais de nove mil horas, eu te conheci
Depois de crer na sua pureza, eu descobri que você é
Uma cretina
Depois de tantos meses sendo assim, tão doce e angelical
Depois de tantas noites recusando sexo animal
Depois de tantos “eu te amo”, tenho por você um ódio
Quase mortal
Você não quer um cara louco e miserável como eu
Sua mãe não quer a menininha dela dando pra um plebeu
Então, garota, vai chorar no colo
Dessa puta que te pariu
Depois de me mandar cortar quase careca o meu cabelo
Depois de exigir que eu procurasse uma porra de um emprego
Depois de me infernizar, chorou sozinha, me pedindo
Pra voltar
Depois de acreditar no seu maldito choro, eu voltei
Depois de me arrepender dessa cagada, te deixei
Tão bonitinha, coitadinha, a menininha
Tem raivinha de mim
Eu posso ser um vagabundo e nem canto tão bem assim
Sei que eu sou louco, e sei que posso antecipar meu próprio fim
Mas te garanto que um dia você vai ouvir falar de mim
Mas te garanto que um dia você vai ouvir falar de mim
Mas te garanto que um dia você vai ouvir falar de mim



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