Vida Tapera
Jorge Santos
Quando o silêncio me abraça
Na solidão da cidade
Eu revejo a minha vida
Com o olhos da saudade
Sou mais um dos desgarrados
A cabrestear a distancia
Que nas maneias de um sonho
Perdeu o rumo da infância
Sai de casa deixando
O choro da despedida
Mas com o peito estufado
Das ilusões desta vida
Sonhei na cidade grande
Encontrar felicidade
E hoje a minha tristeza
E bem maior que a cidade
Queria ser importante
Sem perceber que já era
E ao deixar minha querência
Fiz minha vida tapera
Nesta saudade da infância
Que comigo ainda vive
Lamento porque meus filhos
Não terão tudo o que eu tive
Andei pela vida fora
De mãos dadas com a lembrança
Sem me dar conta que o tempo
Não espera e não se cansa
Posso comprar o que eu quero
Basta só telefonar
Mas não compro a alegria
De voltar pro meu lugar
Tenho aqui no apartamento
Tudo no alcance da mão
Mas não tenho o aconchego
Do braseiro do galpão
O lugar onde nasci
Já não é mais como era
E só existe na lembrança
Da minha vida tapera
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