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Podcast

Kayodê

Boa noite
Meu nome é Felipe
Eu tenho 27 anos
Boa noite, Felipe

Eu sofro de stress pós-traumático devido a
Inúmeras situações de opressão policial
E essa noite eu resolvi compartilhar

É instintivo, eu não confio em distintivo
Nunca me faltou incentivo
Sei que vão me parar e não sou sensitivo

Foi sem sentido
Me olharam como se eu já tivesse entendido
O horário, minha cara
Eu parei e pensei assim, tipo
Deve ser por que eu sou

Um moleque que acabou
De completar 18 anos (hey)
Que segundo eles parece
Com alguém que cometeu um assalto
(Positivo)

Na rua de trás, as características batem
(É o que diz a ocorrência)
Mas acho que pra mim
Isso é só uma infeliz coincidência (ou não)

Como se eu tivesse opção
Disse que precisava tá em casa
Perguntaram se iam precisar me algemar (nossa)
Não devo nada, se for só isso, vou resolver lá
(Resolvo lá) até então

Com medo de não voltar mais
Ou de simplesmente ser visto nessa merda
Como é que alguém
Vai da casa da namorada pra uma cela?

Só sendo preto
E preso por crimes que provavelmente não cometeu
Já tinha acontecido naquele mês
E a bola da vez ali era eu

Na delegacia eu ouvia
Hum, é esse? Traz a vítima (vish)
E se ela engolir nós amassa e alega
Que a defesa foi necessária e legítima

Eu me vi numa sala branca
Um quadro com algumas matérias em jornais
E até que eu tava calmo
As coisas pareciam tão normais

Prestando mais atenção no quadro
Percebi que tinha um furo nele
Foi quando ouvi A voz de uma mulher chorando e dizendo
Não foi ele

Tem certeza?
Perguntaram pedindo pra ela olhar outra vez
Com mais atenção
Como se aqueles filhos da puta
Só quisessem prolongar a minha humilhação

Não! Não foi ele, ela disse
Num tom de lamento
E eu juro que senti
Um joelho pesando na minha garganta
Naquele momento

Foi quando entendi
Se aquela mulher, visivelmente abalada
Tivesse dito sim
Não existiria um Kayode
Eu não teria sido um MC

Ou se só por ódio
Ela só quisesse que alguém sofresse
Como ela sofreu
E o cara na hora e lugar errado
Dessa vez não era só um amigo meu

Era eu, era minha vida
Na mão de uma dúzia de racista
Dentro de uma corporação fascista
Pronta pra me fazer pagar à vista
Pelo ódio que eles trouxeram (trouxeram)

Lembro bem que me disseram
Não foi dessa vez, ladrão
Não foi dessa vez, ladrão
Não foi dessa vez e não vai ser

Aquilo no mínimo me faz ser
Com rimas o primeiro da classe
Nada me dá mais prazer
Agora o ódio mora na minha face

E pros boy que não se sente seguro
Faz o seguinte: Ouve a track na sua!
A polícia do podcast não parece a polícia da rua (não)
Tá ligado?

Quer saber, meritíssimo?
Durante todo o processo judicial
O senhor não olhou nos meus olhos
Ou dos meus advogados uma só vez

É óbvio que você não tá aqui em busca de justiça
Então não faz sentido eu pedir uma pena menor
Não importa o que você fizer
Porque isso aqui não é um tribunal
E você ainda não consegue olhar nos meus olhos

Então faz o que você quiser
Eu não estou nas suas mão
Eu estou nas mãos de Deus 7 de Fevereiro, 1995 Tupac Shakur

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