O Aprendiz
Matheus Gou
O aprendiz cresceu sem par
Desceu a viela de poças
E a encontrou na rua vazia
Sentada ali, mas tão bonita
Que pensou deixo a alva aqui
Vitrais enfeitando em cor
A capela de Salvador
Brilha mais um dia
Rumo à abadia, a rotina
Até o Sol se pôr
Anotações de fé e dor
No cenário de cripta e andor
Abstenção do próprio corpo
Assim tão esforçado
Mas ninguém via o outro lado
O virar de tanto dia e noite
Tanta noite e dia, tantas páginas lidas
Inscrições para o mentor
Nesta senda desde novo
Bastando a mania de fazer
Para ser e menos viver
O aprendiz cresceu sem par
E quando descia a moça
A encontrou na rua vazia
Sentada ali, mas tão bonita
Que pensou deixo a alva aqui
E então numa noite o dever chama
E uma mesa em vez da cama
Caminhando à luz das chamas
Dos lampiões na madrugada
Quando enfim ela estava ali
E o mirava ao partir
Ele crescera sem par
Mas depois que a viu toda
A encontrou na rua vazia
No mesmo dia
No outro em seguida
E pensou num anel de rubi
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