Nas Sombras - Augusto Dos Anjos (Espírito)
Maurício Gringo
Bombardeios. Canhões. Trevas. Muralhas
E rasteja o dragão horrendo e informe
Espalhando a miséria e o luto enorme
Em miserabilíssimas batalhas
Visões apocalípticas do mal
Desenhadas por corvos vagabundos
Gritam a dor de povos moribundos
Na sinistra hecatombe universal
A civilização do desconforto
De mentira e veneno cerebrais
Vai carpindo nos tristes funerais
Do seu fausto de sombra, amargo e morto
Quadros de sangue, lágrimas e horrores
Avassalam de dor o mundo inteiro
É o triunfo terrível do coveiro
Ossuários tremendos sob as flores
Enquanto a desventura chora inerme
O homem, filosófico ou sem nome
Morre de frio e fel, de sede e fome
Nas vitórias fantásticas do verme
Ai de vós nos abismos da aflição
Sem o raio de luz da crença amiga
Desventurado aquele que prossiga
Sem o Cristo de amor no coração
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