Ato de Fé
Paulo Alvarenga
Se fossem flores todas as espadas
E assim os homens andassem floridos
Se os gemidos virassem sorrisos
Minha canção não teria sentido
Mas sendo a chuva a cair dos olhos
Maior que a chuva a molhar o trigo
No horizonte só se vê brotar o perigo
Se fosse fácil que a felicidade
Nos visitasse como a opressão
Talvez viesse numa luz do espaço
E ofuscasse a nossa visão
Se fosse a morte nada mais que um passo
Talvez o homem fosse mais sensato
E olhasse por detrás do muro os atos
Eu quero juntar minhas mãos
Num ato de fé
A esquerda e a direita unidas
No mesmo rosário
E pedir que os gigantes se amem
Como simples homens
E diante do amor não me julguem
Revolucionário
Se fossem retas todas as estradas
E todos seguissem o mesmo caminho
Não se veria mais pelos jornais
Tantas cabeças cravadas de espinhos
Se fossem pães que os aviões soltassem
Matando a fome em poucos segundos
As explosões espalhariam
Migalhas ao mundo
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