O Orós Com a Seca
Paulo de Iguatu
Me refiro ao açude de Orós
Onde tantos pescavam pela feira
Que num todo retrata uma caveira
Consequência da seca monstro atroz
O lugar que o cará nadou veloz
Pra fugir do anzol ou do galão
Sede espaço ao plantio de ração
Para os bois que de fome estão morrendo
Hoje a casa dos peixes está tendo
Com a seca a maior transformação
Foi o monstro da seca o arquiteto
Que esse caos degradante projetou
Tudo só porque Deus o céu trancou
E ninguém sabe até quando vai o veto
Tem calango a procura de inseto
No lugar que nadava o camarão
E onde esteve a traíra rente ao chão
São teús e preás que estão correndo
Hoje a casa dos peixes está tendo
Com a seca a maior transformação
Os motores dos barcos se calaram
Os socós se tornaram desertores
Com motivos de sobra os pescadores
Sem ter nada a fazer se dispersaram
Quem deu vida aos cardumes que nadaram
Muito longe da mira da visão
Abre espaço pra pasto e plantação
De onde os brutos e gente estão comendo
Hoje a casa dos peixes está tendo
Com a seca a maior transformação
Quem pescou num passado bem recente
Se contenta escutando os passarinhos
Dentro de um Calumbi cheio de espinhos
A melhor proteção contra o Sol quente
Vendo as vacas pastando lentamente
Com uma garça fazendo guarnição
E garantindo uma farta refeição
Com os insetos que vão aparecendo
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