
Acordaremos Em Tempos Menos Hostis
Paulo Vitor N
Quando o inverno chegar
Solidão rarear
Sombra de medo esfarelar-se
O mundo ainda estará no mesmo lugar
Se cansando de errar e matar
Herdamos o cansaço da coragem
Disfarçado de felicidade
Pintado de azul cor do céu
As veias abertas
Sagram nas ruas
Com lacinhos dourados e azuis
À espera do menino Jesus
Na placa da esquina
Exibem um nome
Não é de quem ergue o mundo
A rua transpira outro suor
Sentado à mesa está
A indecência e a moral
Planejando a vida normal
Herdamos o fracasso sem vontade
Embalado numa imagem
Importada e esquecida ao léu
As portas abertas
Esperam a luta
Que um dia há de entrar
E nesse tempo todos hão de sair
Sentado à mesa está
A indecência e a moral
Planejando a vida real
Ao sentir a vida o sangue levanta
Irriga a fúria nessa cor sem idade
Pintam o Sol que arde o futuro



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