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Se prestarem atenção
No que esta milonga fala
Na cancha do improviso
Vou estender o meu pala
Sou grito de Souza Neto
Que no Rio Grande não cala.

Pela vida fui forjado
Na sepa bugra da raça
E quando abro meu peito
O mundo treme a carcaça
Das seis cordas da guitarra
Faço levantar fumaça

Nasci num rancho de barro
Num catre de couro crú
Fui batizado com brasas
Orgulho deste chirú
Minha mãe a lua pampeana
Meu pai o vento do sul

No tilintar das chilenas
No berro de algum zebu
Se morrer renascerei
Gritando de peito nu
Com lança, vincha e boleadeira
Nas terras de tiarajú

Sou barro de terra e sangue
Trago o Rio Grande na estampa
Sigo lonqueando o destino
Trançando o couro da pampa
Escrevendo a minha história
A berros, cascos e guampas

Latino por descendência
Sem nunca negar meu chão
Mesmo pelo e mesma crença
Dos pajés do meu rincão
As três pátrias sem fronteiras
Eu canto com devoção...


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