Muitos Ratos No Bueiro
Samuel Hum
É um perigo, é um contratempo, há uma dúvida que vem por dentro
Meu inimigo sou eu mesmo, quando penso?
Eu penso em tudo que é segregado, um índio que morreu assassinado
Negros, mulheres, velhos, gays e outros guetos
Ergue-se o império do mais bem-nascido, enquanto há tantos outros excluídos
Iluminado este que Deus escolheu
Meu coração tá saindo na boca, mas é você quem tá marcando toca
Achando mesmo que a estrela aqui sou
E eu vou dizendo qual o meu ofício, me equilibrar no ócio e no exercício
De lhe mostrar um pouco mais que belos dentes
E de repente o papo foi passando do interessante até o mediano
Eu já não posso fazer mais e lhe avisei
Não sou autoridade, nem é verdade, que eu descobri que na cidade
Todo mundo quer ser celebridade, tiro certeiro, sem perceber
Que há muitos ratos no bueiro
Falado: Pessoas peçonham seus desejos não realizados
O desejo é a fagulha da vaidade
E pra cada tarde insatisfeita e covarde que cai sobre a cidade
Uma luz descansa, a intimidade evade
A escuridão avança e um rato age!
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