Tapete
Samuel Úria
Eu talvez carregue
Um chega lá pra cá
E o tape com pudor
Mas, se à flor da carne
Eu ponho um prato a mais
Encurto o cobertor
Eu talvez descuide
Esse indo-europeu
Comum de acomodar
Com excepção das minhas
Crises de pulmões
Ninguém me ouviu queixar
Nem travesseiro, nem meus botões
Tive um tapete pra confissões
Não vão dizer que sou Má rês!
Não não é o novo sim, talvez!
Mas quem sacode os vícios dos meus pés?
Eu talvez engate
O carro em marcha-atrás
E rume à redenção
Mas se andar pra frente
É que nos faz melhores
Que sítio é esse, então?
Para quê maçar-me a aspirar o pó?
Tive um tapete que o ocultou
Não vão dizer que sou má rês!
Não não é o novo sim, talvez!
Mas quem não varre o lixo lá para trás?
Mas quem redime o rastro do que eu fiz?
Mas quem me adestra o animal feroz?
Mas quem me muda a agulha dos carris?
Mas quem sacode os vícios dos meus pés?
Mas quem sacode os vícios dos meus pés?
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