Palavras
Tião do Carro e Santarém
Um punhado de palavras
Que eu tinha em minhas mãos
Joguei ao longo do espaço
Da minha imaginação
Deixei que elas caíssem
Distante do meu olhar
Aonde ela estivesse
Não me importava o lugar
Uma caiu num asilo
A outra no orfanato
Uma foi cair no mato
E a outra no anonimato
Teve uma que caiu
Em cima de um grão de areia
A maior no tribunal
E a menor na cadeia
Teve uma que caiu
Nos ombros de um aleijado
E a outra caiu nos olhos
De alguém ajoelhado
Uma palavra caiu
Causando interrogação
Não sei se era o amor
Não sei se era o perdão
A derradeira palavra
Que caiu foi a verdade
E justamente em cima
Da minha dignidade
Peguei um pouco das duas
Botei nas mãos e joguei
Palavras que eu aprendi
Palavras que eu ensinei
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