Ditadura
Valdenir
Eu fiquei preso na sua ditadura
Que na terra insistiu em voltar
Arrancando os olhos de qualquer criatura
Que a boca insistisse em falar
Como se não houvesse ternura
E nunca aprendesse a amar
Agora eu sobrevivo com a minha loucura
E já não dar mais pra alguém me calar
Eu não vejo mais flores no campo
Nem gente cantando alegre nos bares
Na boca agora tem um grampo
Calando a voz desses rapazes
Mas a minha voz não se cala
Enquanto nesse mundo
Ainda houver cartazes
Onde possa colar
Calando a boca de quem me atrasa
Eu vou subir a rampa do morro
E olhar na cara desses capatazes
Que apesar de tudo querem me esfolar vivo
Como se eu tivesse medo
E fosse cair no choro
Eu não vejo mais você
Do mesmo jeito que eu via antes
Você atrasou o meu viver
Nessa terra de gigantes
Me obrigou a querer morrer
Com a sua tromba de elefante
Quis lutar e aparecer
Agora engula os seus desplante
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